quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Jornalismo esportivo e investigativo

O jornalismo investigativo atual, usualmente, vem do ramo político ou econômico. A descoberta de corrupção costuma envolver pessoas com cargos políticos, agentes do Estado ou pessoas renomadas.O novo modo de fazer jornalismo investigativo- após o escândalo de Watergate- procura esse tipo de investigação. O esporte, muitas vezes, é tratado, apenas, como entretenimento  e suas investigações são mais superficiais. Apesar disso, os esquemas corruptos esportivos não acontecem em menor escala, eles só são menos abordados pela mídia nacional. O futebol-esporte mais comentado no país e no mundo- tem diversos escândalos em sua história, como a o título sombrio da Argentina na Copa do Mundo de 78- muitos creditam à manipulação exercida por sua ditadura-e os árbitros corruptos no Campeonato Brasileiro de 2005. Para completar, temos a eterna investigação sobre o esquema de corrupção, que estão ligadas entre si, na FIFA, CBF e Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF e membro do comitê da FIFA)

Nessa última investigação, a imprensa vem tendo um papel fundamental em desmembrar as diversas falcatruas comandadas e executas pelo Sr Ricardo Teixeira. Esse homem é uma das pessoas mais influentes do país, teve, por muito tempo, o apoio do ex-presidente Lula, mas sua situação foi ficando ruim, até que renunciou seu cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol, em que permaneceu por 23 anos. Se a mídia brasileira, principalmente a maior existente no país, não dá a importância necessária, é a BBC-televisão pública de Londres- que vai a fundo no assunto. Andrew Jennings é o jornalista mais importante de um programa de jornalismo investigativo da BBC, chamado Panorama. Nele, Andrew trouxe a tona todos os podres da entidade máxima do futebol e de seus membros, inclusive o Sr Teixeira.

O jornalista inglês afirma que dois membros da Fifa receberam propina da empresa ISL (marketing esportivo) para que ela pudesse vender os anúncios publicitários e direitos de televisão da Copa do Mundo. No ano passado, piorou. O programa Panorama provou que a ISL pagou à três membros da Fifa, até US$100 milhões de dólares para ter o direito de escolher as cidades-cedes da Copa do Mundo. Andrew afirma também que a CPI contra Ricardo Teixeira era uma ótima iniciativa, mas que o Brasil tinha provas para seguir adiante, e tirar a CBF de suas mãos, mas não o fez.

Para fazer um link, vale lembrar que Jennings é parceiro e colaborador da Publica, empresa brasileira de jornalismo investigativo independente e, inclusive, concedeu uma entrevista ao portal do órgão. 



Vídeo de Andrew Jennings denunciando Ricardo Teixeira na emissora ESPN Brasil



ENTREVISTA A PUBLICA: http://apublica.org/2012/03/andrew-jennings-agora-teixeira-tem-renunciar-a-fifa/

Especialista pode fazer jornalismo?

É comum os estudantes de jornalismo discutirem se o diploma tem de ser ou não obrigatório. Essa discussão começou quando um jornalista, empregado do jornal americano Tico Times, foi preso por não tem o diploma de jornalismo. A partir daí, isso começou a ser discutido pelo mundo. Aqui no Brasil, a exigência do diploma para se trabalhar como jornalista caiu, mas a tendência é que ela volte a ser exigida. Inclusive, essa obrigatoriedade foi aprovada pelo Senado e agora vai ser debatida pela Câmara.

Quem estuda a profissão sabe que, somente em uma faculdade de jornalismo, se têm a noção exata dos parâmetros éticos obrigatórios para se realizar uma notícia. Se for só uma pessoa talentosa, com uma opinião interessante, ou grande escritor literário, é bem possível que tal indivíduo não tenha a responsabilidade social que o jornalismo requer. Fazer uma matéria não é só ir lá, ler um texto decorado e pronto. Hoje, sem tem diversos jornalistas, especialmente na televisão, que não se expressam bem e mal apuram, mas são bonitos, arrumados e leem o texto que lhes é passado. Enfim, esse não é foco do texto. O fato é que o jornalismo factual não dá espaço para pessoas que não sejam formadas, especializadas e conscientes das difíceis particularidades da profissão. O diploma é essencial e ele é uma metáfora do estudo e aprendizado que só uma escola de jornalismo dá ao profissional.

A questão é que um jornalista de hard-news tem mais capacidade de escrever sobre um assunto técnico como direito, economia, ciência do que um próprio profissional da área? Eu acho bem difícil, logo concluo que o jornal diário tem espaço de opinião (colunas) para as pessoas com formações técnicas e que escrevam corretamente e com talento, o que é chamado de jornalismo opinativo. As colunas técnicas, feitas tanto no impresso como na internet, podem pedir  um especialista, mas sempre dando prioridade a um jornalista que seja bom no assunto. Se você conta com uma profissional como Miriam Leitão (jornalista especializada em economia), por exemplo, não tem necessidade alguma de trazer um economista para escrever.  

Teoria do espelho e seus desdobramentos

É comum se escutar pelo país que o jornalismo nada mais é do que o reflexo completo da realidade, que ele só traz ao leitor o óbvio. O que sai no jornal diário é o que acontece na realidade, "sem tirar, nem por". Esse tipo de visão foi denominado Teoria do Espelho. É um pensamento antigo, inspirado no positivismo francês, mas que até hoje tem adeptos no mundo ocidental. Nela, o jornalista contaria a verdade sempre, sem levar em conta seus conceitos, os interessados no jornal em que se trabalha, apenas refletir a verdade. As notícias são de tal modo, porque é o que existe e só. O jornalista não constrói nada, ele só retrata o que vê.

A metáfora da teoria é autoexplicativa, o jornalista seria só mais um mediador desinteressado do que está noticiando. Quem começa a estudar a profissão, logo se aprofundando mais sobre assuntos teóricos, sabe que isso não acontece. Não é possível que o jornalista faça apenas a ligação entre o fato ocorrido e o leitor, há um filtro e ele pode ser a individualidade do profissional, as restrições impostas pela empresa, o modo de redigir o texto. Isso tudo acarreta em uma mensagem diferente do que o simples fato, "nu e cru". O jornalista nunca vai transmitir o acontecimento puro- apesar dele sempre ter de buscar a objetividade-, sempre haverá modos diferentes de trazer uma notícia, e cada um vai construir ideias diferentes na cabeça do leitor.

O jornalismo sério não manipula, nem distorce, ele traz a visão da empresa que vai publicar a matéria. Tem umas que não se interessam em publicar certos tipos de conteúdo- quando ultrapassa a esfera do bem público é um problema- e outros que vão publicar tal assunto. Vale lembrar que a imprensa tem de ter rabo preso apenas com o leitor, mas é de ressaltar também que ela é uma empresa privada, logo de buscar um bom número de vendas, e só se faz isso publicando matérias voltadas ao seu público alvo.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Qual deve ser a hora de abaixar a máquina?

Dirigido pelo fotógrafo e jornalista independente, Guillermo Planel e o, também fotógrafo, Renato d'Paula, o documentário Abaixando a máquina:Ética e dor no fotojornalismo carioca mostra alguns conflitos mentais vividos pelos profissionais da área. O filme aborda o cotidiano dos principais fotojornalistas da cidade, falando de suas angustias e dilemas na hora de dar o click final e produzir uma imagem. O filme não se torna entediante pelo fato de trazer acontecimentos chocantes e entrevistas aprofundadas, que dão noção ao espectador a vivência desses profissionais. Outro ponto positivo é trazer fotojornalistas que trabalham ou trabalharam nos maiores veículos de imprensa do país, como Evandro Teixeira e Domingos Peixoto. Para dar o contraponto, Planel e d'Paula pegam entrevistas de moradores de favela, que muitas vezes, sentem-se prejudicados quando um profissional fotografa mortes ou desastres que diz respeito à algum parente morto ou ferido. O filme tem como meio os conflitos urbanos que existem, principalmente, nas favelas e periferias.

O que impressiona no filme não são as tragedias, favelas ou mortes, isso porque, diversos filmes brasileiros já trataram. É justamente a humanização do fotógrafo que chama a atenção e sua questão com a ética. O comum das pessoas que acordam de manhã, pegam o jornal e vêm aquela foto aterrorizante, em que a pessoa acabou de levar um tiro, ou de sofrer um acidente grave é pensar: Como será que essa pessoa foi tão fria em tirar essa foto? Como um fotógrafo estava ali, clicando e fotografando, em meio aquela confusão com polícia e familiares? Isso, certamente, vem em mente dos leitores. O que o filme faz é trazer o lado humano do profissional. Entrevistados dizem que se chocam cada dia mais, e que é uma profissão que exige um grau de exaustão enorme. Não é fácil.

A questão da ética nessa profissão também é importante. Existem horas em que o fotojornalista não está moralmente capacitado para fazer uma foto. Casos em que se vê um familiar chorando, pedindo para não ter fotógrafos por perto, porque se necessita de um pouco de privacidade. A vítima, a mãe e o pai e quem estiver tirando foto naquele momento pode estar ferindo ainda mais aqueles familiares. Cabe o profissional ter o jogo de cintura. É óbvio que ele também se sensibiliza, mas também está trabalhando honestamente, dentro de sua profissão, precisa de fotos. Não tem uma hora certa para se abaixar a câmera fotográfica, quem tem que saber é o fotógrafo, e quanto mais tempo de profissão, mais convicto ele vai estar em relação a isso. 


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Critérios para a produção da notícia

Hoje é difícil distinguir o que é notícia, ou melhor, o que vale a pena ser trabalhado em cima. Existem diversas coberturas, que se tentarmos encaixar aos critérios de noticiabilidade, não seriam notícia, ou não seriam tão explorados do modo que são. Um caso recente, que é unanime em relação seu excesso de exploração, foi o do ex-jogador de futebol Adriano. Para quem não lembra, o ex-atleta tem, claramente, problemas pessoais e está longe de estar apto a assinar um contrato profissional. O fato foi que o Flamengo o contratou para tentar recupera-lo, não só como jogador, mas como pessoa, pelo menos foi o que disse o dirigente na época. Mais uma vez, ele falhou. Não conseguiu se recuperar e só pensava nas noitadas e bebedeiras. Esse drama foi explorado até a última gota, torcido e retorcido, uma pessoa doente teve extrema exposição, não por se tratado como um doente, e sim como um indisciplinado, o que também faz parte do perfil de Adriano. O colocavam em capa de jornais e portais só por ser uma pessoa que vende ou "dá clicks". Usavam o drama de uma pessoa que falha em sua recuperação há anos para se promoverem. Atualmente, a notícia seria a volta dele aos gramados, sua recuperação pessoal e seu problemas com o álcool, não ele faltar mais um treino ou ir a casa de shows. O caso Adriano não entraria diretamente aos critérios de noticiabilidade existentes. 

Defina-se noticiabilidade como um conjunto de requisitos que se exigem dos acontecimentos para que possam adquirir a existência pública da notícia ou conjunto de critérios, apurações e instrumentos de que jornais se utilizam para escolher a quantidade finita e tendencialmente estável das notícias (Leonel Aguiar). As notícias podem se definir em duas vertentes: sua importância e seu interesse. O que os estudantes de jornalismo tem de entender são os critérios de importância, que, obviamente, são mais relevantes. O primeiro é a notoriedade, ou seja, a hierarquia em que os fatos ocorrem. Por exemplo: A presidente Dilma ficar doente é notícia e eu ficar doente, não. Depois, pode-se citar a proximidade, o impacto causado sobre o interesse nacional (Leonel Aguiar). Também leva-se em consideração a relevância da notícia, se muitas pessoas estão envolvidas em tal acontecimento. E, por fim, a significatividade, se o fato ocorrido terá desdobramentos no futuro. Esses são os quatro critérios para se produzir notícias importantes.

Saindo do meio da noticiabilidade de importância, também temos a de entretenimento  O que a notícia tem para despertar a curiosidade do leitor, que faça com que ele leia a notícia, ou ao menos, leia o lide. Um exemplo de um portal online só com notícias curiosas e "interessantes" é o "mundo bizarro" pertencente ao site G1. 

                                     Adriano em seu habitat natural, a noite carioca. 
        

O provável futuro do jornalismo investigativo

O jornalismo investigativo, tão bem visto nas décadas passadas, parece estar acabando aos poucos. Se ontem as emissoras disponibilizavam tempo e fundos suficientes para realizar boas reportagens investigativas, hoje parece que isso vem se perdendo. Em meio a era da internet, o jornalismo requer agilidade e rapidez mais do que aprofundamento. O mundo online pede a notícia em tempo real, "aconteceu lá e já sai aqui". Essa é a alma do jornalismo dos dias de hoje. Com uma crise financeira e existencial dos jornais impressos, as redações estão cada vez mais enxutas, tentando suprir a demanda da internet. O impresso tenta se reinventar, se reconstruir para que não chegue ao seu fim, logo o a parte investigativa fica em segundo plano. O impacto da mídia digital, a migração do público e de algumas receitas publicitárias fez com que matérias investigativas perdessem espaço. As despesas estão voltadas para essas vertentes citadas acima.

Já na televisão, os recursos estão, basicamente, voltadas as matérias que dão audiência. Em vez de servir o interesse público, a TV prefere se voltar ao interesse do público, produzindo coisas sensacionalistas, que vão chocar seus telespectadores. São essas matérias que dão retorno financeiro e de audiência, e como se trata de empresas privadas, é, relativamente, justificável que elas procurem esse retorno. Com isso, o jornalismo investigativo parece se confabular em uma crise. O seu modo e veículo de produção devem ser alterados.

É nesse contexto que surge uma possível alternativa para a investigação no jornalismo. Organizações independentes, que estão fora da grande imprensa, antes quem abrigava as matérias investigativas. Essas organizações são fundadas normalmente por jornalistas que deixaram os veículos tradicionais, querendo tocar esse novo projeto. A mais conhecida chama-se ProPublica, situada em Nova York. Elas se sustentam através de fundações filantrópicas, doares e escolas de jornalismo. Essa junção faz com que o jornalismo investigativo ganhe uma sobrevida. Apesar de uma equipe de jornalistas reduzida e um orçamento modesto, o que vale é a vontade dos profissionais em prol do interesse público. Aos poucos, as matérias produzidas nesses meios vão sendo utilizadas na grande imprensa. A ProPublica foi o primeiro portal da internet a vencer o Prêmio Pulitzer, o prêmio Esso americano.

 Aqui no Brasil, foi criada a Pública, também nos moldes da organização americana.
A redação da ProPublica comemorando o Prêmio Pulitzer.

                                                     

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Os EUA e o jornalismo investigativo

Apesar do início do jornalismo investigativo não ter sido após o escândalo de Watergate, foi a partir deste fato que ele tomou os moldes que conhecemos até hoje. Todo jornalista ou estudante da profissão tem a obrigação de saber o que ocorreu, pelo menos basicamente, na década de 70. O esquema de espionagem do Partido Republicano ao Partido Democrata, no prédio de Watergate, em 1972, que provou ter envolvimento do presidente da época, o republicano Richard Nixon, culminando em sua renuncia dois anos mais tarde. O fato é que foram dois jornalistas do jornal americano Washington Post, Carl Bernstein e Bob Woodward que foram atrás, conseguiram uma fonte secreta, denominada a Garganta Profunda, que dava certas informações, nomes e lugares para serem investigados. Foram descobertas, primeiramente, provas em que Nixon abafava o arrombamento de uma sala democrata por parte de pessoas ligadas ao Partido Republicano. Logo depois, foi encontrada escutas telefônicas comprometedoras do mandatário americano. Após sua renuncia, assumiu sua participação e preferiu não falar sobre o caso. O papel dos jornalistas do Post é louvável e é um marco enorme no jornalismo, principalmente o investigativo.

Leonard Downey Jr, jornalista, professor e membro da vice-presidência da Washington Post Company, lista os métodos, apesar de não inaugurados, mas consagrados pelos dois. “Bata em portas para falar com fontes pessoalmente. Proteja a confidencialidade de fontes quando necessário. Nunca confie em uma única fonte. Encontre documentos. Siga a trilha do dinheiro. Coloque cada informação em cima da anterior até que seja possível discernir um padrão”.

O que antes era só mais uma profissão, o jornalismo passou a ser algo honrado. Muitos, depois de Watergate, qualificaram a imprensa como o Quarto Poder. Todos se inspiravam nos profissionais que "desvendaram" o escândalo de Watergate. Alguns jornalistas investigativos viraram nomes importantes e, muitas vezes, lucrativos para o veículo em que trabalhavam. Woodward, por exemplo, fechou bons contratos para escrever livros e artigos, palestrar e aparecer na televisão.

Downey Jr afirma que, antes de Watergate, o jornalismo investigativo parou de ser produzido nas Guerras Mundiais, mas voltou a tona com o movimento pelos direitos civis e contra a Guerra do Vietnã, ambos nos EUA. Ainda nada muito grande, e ele estava incluído dentre os jornalistas investigativos daquela década. Em 1964 foi criada, pelo Conselho de Pulitzer, prêmio importante para jornalistas da época, a categoria de jornalismo investigativo. Três jornais televisivos americanos aumentaram sua duração e começaram a exibir documentários investigativos. A partir desse início, chegando ao marco de Watergate, passando também pela morte do nosso jornalista Tim Lopes, qual será o futuro do jornalismo investigativo na grande imprensa?

Jornalistas Carl Bernstein (camisa branca, gravata mais clara) e Bob Woodward

Em prol do jornalismo

Com a preocupação de discutir e evoluir o jornalismo, principalmente investigativo, não só no país como no mundo, é criada a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI). Em 2002 nasce a organização, com o objetivo de ajudar, trocar experiência, para que se consiga ter um jornalismo responsável, dentro dos parâmetros éticos da sociedade. É possível que a morte do jornalista Tim Lopes, durante a realização de uma matéria investigativa na favela da Vila Cruzeiro, tenha, relativamente, motivado a criação desse instituto. A ideia surgiu durante o seminário "Jornalismo Investigativo: Éticas, Técnicas e Perigos", realizado na USP, organizado pelo Centro Knight de Jornalismo das Américas, da Universidade do Texas, e dirigido pelo jornalista brasileiro Rosental Calmon Alves. Depois das palestras e encontros organizados, os participantes decidiram criar uma organização que trate, sem nenhum fim lucrativo, o jornalismo investigativo, daí nasceu a ABRAJI. A inspiração veio do IRE (Investigate Reporters e Editors), associação americana, nos moldes da brasileira criada em 2002.

Marcelo Beraba, editor da sucursal carioca da "Folha de S.Paulo", tomou a iniciativa de enviar emails à 45 jornalistas para divulgar a organização e iniciar discussões. A partir daí o projeto cresceu e hoje conta com mais de 2000 afiliados. A ABRAJI desenvolve, congressos, seminários e cursos para que o jornalista se aperfeiçoe cada dia mais. São mais de cinco cursos disponíveis nesse mês, dentre eles estão: "Introdução ao Direito para Jornalistas", com objetivo de dar noções jurídicas ao profissional para que ele não acarrete processos ou derrotas judiciais, logo faça matérias ou reportagens responsáveis e não passíveis de processo. Esse curso tem uma carga horária de 15 horas totais. Também são oferecidos aprendizados online, como o chamado RAC (reportagens com o auxílio do computador), ensinando o jornalista a otimizar as pesquisas na internet e aplicar dados no Microsoft Excel.

Hoje a ABRAJI é presidida pelo profissional da Rede Globo, Marcelo Moreira e possui seu próprio estatuto, com 32 artigos presentes. Qualquer jornalista ou estudante da profissão, interessado no tema e preocupado com a qualidade produzida no país, pode se associar. Os benefícios são, como já citado, prioridade nos cursos organizados pela associação, além de banco de dados e apostilas disponíveis ao sócio, com informações relevantes. Paga-se um taxa de R$210,00 anuais para se tornar um associado.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A perspectiva é outra

Todos nós estamos acostumados a ver a favela de apenas um jeito: mortes, massacres e miséria. A chamada grande imprensa tinha a tradição de trazer, em quase sua totalidade, a parte deplorável que uma comunidade pode apresentar. Os habitantes do Rio de Janeiro tem a ciência das coisas ruins que ocorrem por lá, o crime organizado, armas ilegais sendo transportadas, drogas por todo canto. São, aproximadamente, 20 anos que a mídia retrata isso, a tal pauta vai ficando ultrapassada. O espaço vai se abrindo para imagens tiradas de outro ângulo, outro olhar. O papel do fotógrafo popular surge nesse contexto.

No filme de Guilherme Planel, Vivendo um outro olhar, mostra uma renovação sobre o modo de ver a favela. Diferente da imprensa do passado, muitas vezes sensacionalista, popularizando a expressão "espreme e sai sangue", a favela começou a ser mostrada a partir da sua beleza. Capas de jornais mostrando corpos ensanguentados e armas representavam o sentimento da maior parte da população moradora do asfalto. Trazer o outro lado da moeda, a real beleza da favela, é o que fazem os fotógrafos populares, tão bem retratados no filme de Planel. Esse longa metragem é o terceiro de uma série de filmes sobre a fotografia, o primeiro chama-se Abaixando a máquina e o outro Imagens do Jongo. O que mais deve se ter em mente é a enfase dada por parte desses fotógrafos, dizendo que não dão o mesmo enfoque que a grande imprensa dá à comunidade, e sim mostrar pessoas se relacionando livremente, sendo felizes, praticando esportes, crianças se divertindo. O objetivo desses profissionais é que a mídia se humanize e mostre o outro lado da favela também.

O fato é que a grande imprensa também vem tentando "se modernizar" e mudar essa sua procura por sangue, tentando fotografar também realizações sociais existentes nas periferias da cidade. A fotografia popular tem, e ainda terá, um papel fundamental nessa nova perspectiva da favela. O crime organizado e violência saem, e entram as coisas belas, também muito existentes por lá.

imagem do filme Vivendo outro olhar 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A liberdade relativa da América Latina

Neste último mês ocorreu em São Paulo a 68° Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) para discutir, principalmente, a liberdade de imprensa nos países latino americanos. O evento foi liderado por Milton Coleman, editor chefe do Washington Post , e Júlio Cesar de Mesquita, do Estado de S. Paulo. Casos claros de censura, como na Venezuela e Argentina, e mortes recentes de jornalistas no Brasil foram debatidos.

O que mais foi discutido foi o caso dos nossos vizinhos argentinos. Desde o ano passado, o jornal de maior impacto no país, o "Clarín" teve de sair de circulação por ordem da presidente Cristina Kirchner, que o acusava de fazer grave oposição ao governo. Um atentado enorme a liberdade de imprensa no país. Além dessa repressão ao grupo, estão acontecendo agressões a repórteres e entraves de informações do bem público. Será, inclusive, enviada uma missão da SIP ao país para se solidarizar ao Grupo Clarín e protestar contra a repressão ao jornal. O real objetivo do Kirchner é criar uma imprensa única e oficial do governo, algo que pouco acontece no mundo. Se ela alcançar seu objetivo, os cidadãos não terão a liberdade de escolher em qual veículo querem se informar, e os jornais, ao invés de agir a favor da população, agirão a favor de quem está no poder. Isso vai contra ao objetivo da imprensa existente nas democracias. Apenas a Venezuela e Equador tentam adotar esse modelo.

Hoje, há também um problema vigente, que ocorre principalmente na Bolívia e México, o sequestro seguido de morte de jornalistas por grupos de traficantes de drogas, mais conhecido como cartel. Segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos, só no México, 82 jornalistas foram mortos e 16 desaparecidos. Isso simboliza atraso e que a liberdade de imprensa no país é restrita. Segundo debates no evento promovido pela SIP, o governo mexicano não se esforça o suficiente para tentar impedir essa ações criminosas.

No Brasil acontecem atentados a jornalistas por parte de facções criminosas, atualmente milícias. Ninguém se esquece do repórter e do fotógrafo torturados na favela do Batan, zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo a associação Nacional dos Jornais (ANJ), foram 28 casos de violência contra jornalistas em aproximadamente sete meses.

                                      Evento da SIP em São Paulo