segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Os EUA e o jornalismo investigativo

Apesar do início do jornalismo investigativo não ter sido após o escândalo de Watergate, foi a partir deste fato que ele tomou os moldes que conhecemos até hoje. Todo jornalista ou estudante da profissão tem a obrigação de saber o que ocorreu, pelo menos basicamente, na década de 70. O esquema de espionagem do Partido Republicano ao Partido Democrata, no prédio de Watergate, em 1972, que provou ter envolvimento do presidente da época, o republicano Richard Nixon, culminando em sua renuncia dois anos mais tarde. O fato é que foram dois jornalistas do jornal americano Washington Post, Carl Bernstein e Bob Woodward que foram atrás, conseguiram uma fonte secreta, denominada a Garganta Profunda, que dava certas informações, nomes e lugares para serem investigados. Foram descobertas, primeiramente, provas em que Nixon abafava o arrombamento de uma sala democrata por parte de pessoas ligadas ao Partido Republicano. Logo depois, foi encontrada escutas telefônicas comprometedoras do mandatário americano. Após sua renuncia, assumiu sua participação e preferiu não falar sobre o caso. O papel dos jornalistas do Post é louvável e é um marco enorme no jornalismo, principalmente o investigativo.

Leonard Downey Jr, jornalista, professor e membro da vice-presidência da Washington Post Company, lista os métodos, apesar de não inaugurados, mas consagrados pelos dois. “Bata em portas para falar com fontes pessoalmente. Proteja a confidencialidade de fontes quando necessário. Nunca confie em uma única fonte. Encontre documentos. Siga a trilha do dinheiro. Coloque cada informação em cima da anterior até que seja possível discernir um padrão”.

O que antes era só mais uma profissão, o jornalismo passou a ser algo honrado. Muitos, depois de Watergate, qualificaram a imprensa como o Quarto Poder. Todos se inspiravam nos profissionais que "desvendaram" o escândalo de Watergate. Alguns jornalistas investigativos viraram nomes importantes e, muitas vezes, lucrativos para o veículo em que trabalhavam. Woodward, por exemplo, fechou bons contratos para escrever livros e artigos, palestrar e aparecer na televisão.

Downey Jr afirma que, antes de Watergate, o jornalismo investigativo parou de ser produzido nas Guerras Mundiais, mas voltou a tona com o movimento pelos direitos civis e contra a Guerra do Vietnã, ambos nos EUA. Ainda nada muito grande, e ele estava incluído dentre os jornalistas investigativos daquela década. Em 1964 foi criada, pelo Conselho de Pulitzer, prêmio importante para jornalistas da época, a categoria de jornalismo investigativo. Três jornais televisivos americanos aumentaram sua duração e começaram a exibir documentários investigativos. A partir desse início, chegando ao marco de Watergate, passando também pela morte do nosso jornalista Tim Lopes, qual será o futuro do jornalismo investigativo na grande imprensa?

Jornalistas Carl Bernstein (camisa branca, gravata mais clara) e Bob Woodward

Nenhum comentário:

Postar um comentário