sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A diferença de fazer jornalismo

Aqui no Brasil estamos acostumados a um jornalismo que não se posiciona oficialmente na política. Época eleitoral, como estamos atualmente, a grande imprensa não dá seu parecer político, ou seja, não explicita qual partido está apoiando. Oficialmente os jornais não apoiam ninguém, mas o modo em que noticiam cada fato, deixa transparecer sua posição política. Durante as eleições para prefeito é um pouco mais difícil, mas durante as presidenciais fica evidente o lado em que a maioria da grande imprensa está. Essa questão de não se posicionar oficialmente nos traz a dúvida se de fato o repórter está praticando a objetividade jornalística, tão discutida pelos profissionais. O repórter tem uma linha editorial a seguir, e isso o restringe quando se trata da tal objetividade. Todo mundo sabe que os donos do jornal O Globo, por exemplo, apoia o partido "X" e não do gosta do partido "Y". O repórter está ciente deste quadro, logo não irá desagradar seu patrão. Isso acontece em nosso país, e é uma forma diferente de se fazer jornalismo, se comparamos com o jornalismo europeu. Aqui segue-se a teoria americana. Trabalhamos com um lead ou as seis questões fundamentais (o que?, quem?, quando?, onde?, como? e porque?) e tentamos implementar o conceito de objetividade, que, diversas vezes, fica restrito por causa dessa situação citada acima.

Na Europa se adota uma linha jornalística diferente. A escola europeia de fazer jornalismo procura ser mais narrativo, analítico e, principalmente, opinativo. Isso significa que, período eleitoral, cada jornal tem seu partido. Existem até jornais que explicitam suas ideologias, por exemplo temos um jornal comunista na França, chamado L'Humanité. Lá, ao invés, de se embasarem ao conceito de objetividade, procuram sempre a honestidade e lealdade. Duas definições preponderantes, quando se fala de um jornalismo europeu.

O jornalismo praticado nos Estados Unidos inspirou a nossa escola, ou seja, participação fundamental do lead e objetividade. Teoricamente é isso, mas de um tempo para cá isso vem mudando. É o que afirma o colunista do New York Times, Frank Bruni. "O jornalismo americano está cada vez mais europeu. Lá, a norma é que você se alinhe com um movimento ou partido e que os espectadores ou leitores ganhem uma versão da notícia que afirma ou reforça suas opiniões preestabelecidas de acontecimentos", disse o colunista. O que inspirou sua declaração foram as redes de televisão CNN e MSNBC que se posicionaram nas atuais eleições presidenciais. Enquanto a primeira faz campanha para o candidato republicano Romney, a segunda emissora faz uma fiel campanha para reeleição de Obama. As duas emissoras estão sendo as mais assistidas do país durante esse período, ultrapassando a FOX, cada uma com seu público. É por isso que a declaração de Bruni se justifica e faz todo o sentido.

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